quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Manual x CVT

Desde que comprei o Bravo, o maior questionamento sobre ele, por incrível que pareça, não era sobre desempenho, conforto, preço, seguro ou consumo, a maior dúvida que meus amigos e conhecidos tinham sobre o Bravo era sobre como foi viver sem o câmbio CVT, por parte dos meus camaradas de redes sociais,  isso se deve ao conhecimento que eles têm do sistema e por parte dos amigos próximos que não entendem patavinas sobre mecânica, isso se deve aos anos que eu passei elogiando e explicando como funciona o sistema
Esse foi também foi meu dilema antes de trocar o Sentra, meus candidatos eram o Fluence (que compartilha da mecânica do Sentra) e o Cruze que é um carro de marca tradicional que acabou de chegar com um câmbio automático de 6 marchas, porque não optei por nenhum deles fica para outra postagem.
O Brasil ainda é pobre (para não dizer miserável) no que diz respeito a carros automáticos, na categoria dos sedans a coisa está engatinhando, nas dos hatches médios (como o Bravo), está na incubadora, os mais vendidos (Focus e i30) contam com pré-históricas caixas de quatro marchas, o restante não é nada melhor que isso, não existe um hatch médio no mercado com uma caixa automática que valha a pena.
Mas eu não saí dos hatches médios, eu saí dos sedans médios que estão mais a frente nesse quesito (mas não muito), o mais avançado é o Sentra com a excelente caixa CVT (e recentemente o Fluence com a mesma mecânica), depois dele, tínhamos o Bora/Jetta com o tiptronic de 6 marchas (porém, acoplado ao jurássico motor do Santana) e o Civic com câmbio de 5 marchas, o restante vem equipados com sistemas de quatro marchas da década de 80 adaptadas para o uso de hoje em dia.
Não seria um grande retrocesso se eu tivesse descido de algumas delas para o manual, mas eu vim justamente da mais avançada que é a CVT do Sentra (incrivelmente o modelo mais acessível dessa lista), a dúvida é justa: Como é sair do CVT para o manual?
Eu respondo: É uma merda... em partes.
Se o Bravo T-Jet fosse CVT, talvez ele levasse um pouco mais de tempo para chegar aos 100km/h devido ao conversor de torque que “patina” até que o carro esteja no ponto para evitar trancos, mas ele seria absolutamente mais eficiente no dia a dia.
Se no manual, aquele centésimo de segundo em que o ônibus te dá passagem, você vê o sinal aberto lá na frente e tem que decidir e engatar a marcha certa para acelerar e ganhar a velocidade certa para chegar no lugar certo no tempo certo, no CVT toda essa conta se reduziria em simplesmente “acelerar”, apesar dos jornalistas dizerem que o câmbio deixa o carro monótono, isso é apenas a opinião de quem passou algumas horas com ele, depois de um tempo, você “ganha” o câmbio e ele passa e ler os seus pensamentos,  as marchas são infinitas, é como se de repente você estivesse em uma terceira, tirasse o pé por alguns segundos para diminuir velocidade e quando voltasse a acelerar estivesse em uma segunda-e-meia que evoluísse para a mesma terceira sem perder tempo, rotação ou torque, na cidade, não dá para comparar, é covardia, mas eu entendo que o intuito do Bravo T-Jet é oferecer desempenho e qualquer centésimo em uma arrancada conta pontos positivos.
Claro que se você está com um CVT parado ao lado de um Sentra manual (que também tem 6 marchas), e ambos arrancam, o manual leva vantagem por sair fritando e ganhando velocidade enquanto o CVT “patina no giro” e vai acelerando aos poucos sem tranco e sem desconforto, mas se a pista for longa, o tempo que esse manual perder nas trocas será tirado no modo infinito do CVT e em algum ponto da disputa você vai acabar ultrapassando.
Estou há menos de 20 dias com o Bravo e foi só hoje que eu percebi que estou dominando seu câmbio, já mudo de faixa engatando a marcha que proporciona o melhor rendimento na situação, piso, ultrapasso e volto para a marcha ideal para a velocidade, antes, nos primeiros dias, simplesmente acelerava e esperava o carro ganhar velocidade como fazia com o Sentra, hoje já estou readaptado a mudar de marchas.
Mesmo lidando melhor com o câmbio, tenho certeza que na cidade, um hipotético Bravo T-Jet CVT deixaria um Bravo manual comendo poeira em qualquer situação que não fosse uma arrancada partindo do zero, independente do piloto... Na estrada a coisa muda.
O CVT do Sentra era voltado para a economia e funcionava com essa meta, ele só ficava nervoso caso desligasse o Overdrive (era como um OVB, mas no Sentra) mesmo assim, o carro não foi feito para altas velocidades, ele tinha uma potência considerável e um torque acima da média na categoria, mas era programado para ser um sedan médio que funcionasse na excelência, nunca um esportivo.
Com o Overdrive desligado, você pisava e ele arremetia o giro para 4500RPM, mantinha lá por um tempo, (provavelmente o suficiente para você ultrapassar duas cegonhas de 20m) e subia vagarosamente para os 5500RPM (ápice do torque), era lá que o carro alcançava sua plenitude e seu torque de 20,3mkgf, se você chegou nesse ponto, você já ultrapassou tudo que você precisava ultrapassar na estrada e era hora de voltar para os pacatos 100km/h aos 1800RPM.

Mas se você não pisou e fez todo esse show para ultrapassar alguém, o carro ficava girando alto e segurando a velocidade não importa o grau de inclinação da estrada, descia a 190km/h e subia a 190km/h, em hipótese alguma a velocidade passava disso, acredito que a Nissan julgou que o dono do sedan médio não precisava mais que isso na estrada.
A diferença do Bravo T-Jet está aí, o cara do Bravo T-Jet não está apenas preocupado em ultrapassar o caminhão em segurança, ele não vai enfiar o pé apenas quando for ultrapassar um caminhão, para falar a verdade, ele vai enfiar o pé justamente quando não tiver caminhão nenhum para atrapalhar e é aí que o câmbio de seis marchas manual chuta a bunda do CVT, quem é o desgraçado do CVT que vai pegar minha potência e segurar? Eu quero ganhar velocidade enquanto tiver estrada, se eu estiver a 190km/h em sexta e pintar uma subida, eu vou jogar uma quinta para segurar o giro para voltar para a sexta assim que estivermos na reta ou na descida para chegar na maior velocidade possível, a Quatro Rodas chegou a 206km/h de máxima na pista, já peguei 220km/h (no velocímetro) em um curto espaço de estrada, tenho certeza que com espaço, consigo mais que isso e pretendo filmar para comprovar, CVT vai me segurar.

7 comentários:

  1. " ...não existe um hatch médio no mercado com uma caixa automática que valha a pena."
    Sei que vc tem birra da VW, mas a caixa de marcha tiptronic do golf 2.0 é muito boa!!
    Unico problema é que nao tem motor, ou seja, muito cambio pra pouco motor....

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  2. O Golf era médio nos anos 90, hoje, com apenas 2,51cm de entre-eixos, ele foi rebaixado para a categoria de compactos premium que foi crescendo com o tempo enquanto o Golf parou...
    E outra coisa, esse Golf automático pode até existir no site da Volkswagen, mas mesmo no Brasil, ninguém tem coragem de pagar R$70.000 nele, isso é preço de carro do nosso tempo em carro da década de 90.

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  3. Minha dúvida era em um Lancer CVT e um Bravo T-Jet. Acabei optando pelo Lancer, o CVT dele na minha opinião, é o que da a direção mais esportiva do segmento, somada com todos os tweaks de suspensão etc.

    Queria saber de você, um proprietário do segundo carro da minha escolha, o que você acha do Lancer CVT.

    Abraço.

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  4. Olá, deixe-me, perguntar, o que você achou do Sentra? Estou pensendo em comprar um.

    Ricardo.

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  5. -Apenas para seu esclarecimento... nenhum cambio CVT possui conversor de torque, seja ele AUDI(multitronic), NISSAN ou de qualquer outra marca. Neste caso, o sistema preve a adoção de um conjunto de multidiscos de fricção, acionados hidraulicamente, controlados eletronicamente e gerenciados por sensores instalados no sistema/conjunto bi-massa. Espero ter lhe ajudado.
    Sergio, gerente de serviços NISSAN Curitiba - GRUPO AR MOTORS.

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  6. estou querendo comprar um sentra , mais estou querendo um com cambio mecanico, é bom negócio? ou o cvt é melhor?

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  7. se alguém poder me ajudar com essa informação agradeço desde já

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