quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vida Bandit

Eu deveria estar em casa agora, minha mulher está brava comigo e já demonstrou isso dizendo “nada” pelo telefone quando eu perguntei porque ela está falando naquele tom, quem é casado sabe o que “nada” significa, portanto, aproveitem o post, pode ser o último.
Mas para vocês entenderem como cheguei nesse ponto, vamos voltar um pouco no tempo, mais precisamente a essa manhã, veja só como o mundo dá voltas e a gente se pega em uma tremenda ironia, eu que havia reclamado que s revistas só carregam motos em seus testes e que é ridículo insistir em carregar um objeto que anda sozinho vou descrever exatamente isso nesse post.
Levamos essa beleza para passear na caçamba da Montana

Meu amigo tem uma Suzuki Bandit 1250cc que precisava fazer uma revisão, existe uma concessionária da marca na cidade, mas ele prefere fazer em Penápolis (180kms daqui), no começo não entendi pra que ir tão longe para fazer uma revisão que precisa ser feita a cada 3000kms rodados, chegando na loja, conferindo a infra-estrutura, o conhecimento (recebemos do proprietário da loja, uma verdadeira aula sobre motos) e principalmente o excelente atendimento dado pelo dono e seus funcionários, tudo fez perfeito sentido.
Marcos Moto em Penápolis - Simpatia e eficiência, faço questão de divulgar a loja no meu blog

Não carreguei a moto apenas para fazer um favor para o meu amigo, depois do teste da piscina, recebi muitas críticas por ter feito uma avaliação de carga com um peso líquido e que o balanço do mesmo poderia fazer a necessidade de força oscilar (é por isso que caminhões que carregam líquidos levam tanques cheios até a boca), então, antes de devolver a picape, resolvi fazer mais um teste de carga, dessa vez com aproximadamente 250kg e na estrada.
Montana x Bandit - Uma tem motor 1.4 a outra tem motor 1.25

Com a Bandit na caçamba a tampa não fechava, a moto tem 2,20 mts, a caçamba tem 2 mts e não cabe nem na diagonal, resolvemos ir assim mesmo, a Montana tem a placa na tampa da caçamba e essa não pode ser removida, o que estávamos prestes a fazer é ilegal (mais pra frente descobri que havia esquecido minha habilitação em casa e nenhuma dessas nem foi a maior das nossas infrações) as molas cederam pouco, mas a traseira ficou visivelmente mais baixa.
A moto não coube inteira na caçamba, fomos com a tampa aberta
Abaixou um pouco, mas nada comparado ao dia  da piscina

Os ganchos na caçamba foram essenciais para a boa fixação dos estirantes

Logo na saída deu para perceber que era necessário um pouco mais de carga no acelerador para o carro se movimentar, ou seja, o carro sentiu nitidamente o peso extra, a disposição que o motor 1.4 apresenta com o carro vazio não é a mesma, nessa hora ela não parece ter os 105cv declarados e visíveis sem carga, isso se deve porque apesar dos bons (e acima da média) 105cv que o motor 1.4 oferece, o torque é pequeno (13,3mkgf), ficando pouca coisa acima dos 1.4 da concorrência.
Na estrada isso se tornou ainda mais perceptível, primeiro pelo consumo que não passou de 7,3km/l com álcool e nas subidas a coisa ficava ainda mais feia, o acelerador precisava ser apertado até o fundo, o ar-condicionado desligava sozinho e mesmo assim o carro não ganhava velocidade, no máximo mantinha-se a 100km/h, todos os carros 1.0 que eu ultrapassei sem dó nos últimos 13 anos podem se sentir vingados, vários me deixaram para trás nessa viagem, nesse momento passei a fazer uma disputa particular com um treminhão que carregava containers, hora eu ultrapassava, hora ele me ultrapassava, ficamos nessa por uns bons quilômetros até que uma voz na minha cabeça me disse “Fernando is faster than you (Fernando? Deixa pra lá), nessa hora, fui obrigado a deixá-lo seguir na minha frente.
Chegamos em Penápolis, descarregamos a moto e fomos almoçar, passamos por um restaurante simpático com cara de que servia comida caseira e resolvemos parar, estacionei bem na frente e nem me passou pela cabeça que era uma rua com Zona Azul (para ser sincero, eu não sabia nem que estávamos no centro da cidade).
Comemos a deliciosa comida enquanto assistíamos o Datena e o Neto disputando quem dizia mais besteiras ao vivo na televisão.
Terminado o almoço, vimos um pequeno barril de pinga ao lado do caixa, pegamos um pequeno copo de café e o enchemos com o aparentemente inofensivo líquido dourado, o cheiro da pinga era suave e gostoso, por isso, não pensei duas vezes em tomá-la numa golada só, a verdade é que de inofensivo, aquilo não tinha nada, o concentrado alcoólico desceu incandescente pelo meu esôfago caindo como uma chuva ácida no meu estômago, claro que era meu dever avisar meu amigo do perigo que ele corria e é claro que eu não fiz isso (muahaha), ainda abalado com o potente líquido corrosivo, percebi porque eles deixam um barril de pinga na saída do restaurante, acredito que aquela pequena quantidade de álcool concentrada conseguiu liquefazer tudo que eu havia comido e de quebra, me instigou a tomar mais alguma coisinha.
Decidimos ir tomar um chopp enquanto esperávamos pelo fim da revisão, saindo do restaurante, encontrei um papel em meu pára-brisa, pensei que fosse uma multa, mas era um recadinho escrito “favor acertar a zona azul, obrigado” e um nome que a gente não conseguiu identificar, por isso vou scanear o recado para vocês me ajudarem.
Não pagamos a Zona Azul e recebemos esse recado da Clarice, Elario, Clario, ou seja lá quem for.

“Acertamos” a Zona Azul e fomos atrás de um chopp, nos indicaram um shopping, lá não encontramos nenhum bar no piso inferior, subimos as escadas para procurar um bar no piso superior e encontramos um almoxarifado, a verdade é que aquilo era uma galeria e tinha apenas um piso.

Depois do simpático recado do nosso amigo(a), fizemos questão de "acertar" a Zona Azul

Procuramos então por um bar e encontramos um dois quarteirões à frente, o calor tanto que o líquido ingerido não chegava ao estômago, ele era imediatamente expelido pelos poros em forma de suor, isso não nos impediu de ficarmos lá das 14 às 18 horas (o papo estava bom e teríamos ficado mais se não tivéssemos que voltar)
Pegamos a moto e nos perdemos um pouco procurando um lugar que vendesse um isopor, umas latas e gelo, fui chamado de “tio” por uma recém aprovada no vestibular que estava toda pintada e pedindo dinheiro no semáforo, vou fazer a barba quando chegar em casa.
Trollando na estrada, quase entramos na estrada de terra, mas pelo bem da moto, desistimos.

Reparem na luz na caçamba, é muito útil para mexer na carga em locais escuros.
Na volta lembrava que teria que ir para São Paulo no dia seguinte e entregar o carro, a cada lata ingerida eu tentava convencer meu amigo que seria uma boa ideia ele comprar uma passagem de avião de São Paulo para Presidente Prudente para ele aproveitar seu último dia de férias e ir comigo, papo vai, papo vem e ele decidiu conferir quantas milhas ele tinha acumuladas para trocar pela passagem, e é enquanto ele faz isso que eu espero aqui na casa dele com minha esposa furiosa lá em casa, sei que se ele não comprar a passagem hoje, amanhã quando acordar de ressaca ele não vai entrar nessa roubada comigo nem a pau, por isso, enquanto minha esposa confere o peso do rolo de macarrão, eu aguardo e escrevo esse post.

Continua... (ou não)


5 comentários:

  1. o helder chamado de "tio" fo hilario...
    muito boa sua narrativa, meus parabens.

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  2. Já vai arrumando outra pra próxima revisão! A viagem foi muito legal. O post? Melhor ainda.

    Você é companheirão.

    Valeu!

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  3. esse mapeamento do 1.4 da montana e do agile, ficaram ruins... tenho um corsa 1.4 2010, e viajei pra goiania com 4 pessoas nele, foi e voltou perfeito... quando fui com o agile do meu pai, com 3 pessoas, ele chorava demais... agora entendi o motivo... ele realmente chora! mesmo sendo poucos cv de diferença, ficou claro que o acerto dado pela gm nao ficou bom.

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